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Ressignificando o “à flor da pele”


Começar uma conversa sobre regulação emocional é ter como obrigação refletir sobre alguns pontos, como: por que você quer regular suas emoções? O que você pensa sobre sentir?


Parecem perguntas óbvias e com respostas quadradas, não é? “Ter controle das emoções é necessário, não dá para sentir tudo de forma desregulada”. “Sentir é involuntário, é nativo do ser humano, mas sentir demais me atrapalha, me desconcentra, me trava. Tenho que sentir menos”.


Essas são as respostas mais comuns para nossas perguntas, talvez não sejam exatamente iguais às que você daria, mas é bem provável que tenha algo em comum com a sua resposta pessoal.


A verdade é que falar de regulação emocional faz parte do grupo de coisas que nossa geração vem lutando para quebrar os tabus e as verdades absolutas, como educação sexual e financeira, por exemplo. E, por saber que mesmo sem perceber você chegou aqui com várias verdades sobre o assunto, vamos começar te contando a história real sobre as emoções.


A primeira coisa é que sentir não é errado, mesmo que sinta muito, mesmo que não tenha o controle total das suas reações às emoções. Sentir não é errado. A segunda coisa importante de saber sobre isso, é que como quase tudo na vida, lidar com o que sentimos é algo que precisa ser praticado.


Entender que as emoções são parte de nós e que senti-las não te torna fraco, meloso, descontrolado ou bobo é um passo importante. Só controlamos o que entendemos, só entendemos o que reconhecemos existir, certo?


Depois de aceitar suas emoções, é hora de aprender a reconhecê-las. Calma, não é tão simples quanto parece na teoria. Quando crianças, aprendemos a dar nomes ao que sentimos, ao medo, à saudade, à irritação, ao nojo, à alegria e à tristeza… Algumas vezes, crescemos dando o mesmo nome a diferentes sentimentos e é por isso que não conseguimos controlá-los. Por exemplo, nem sempre o que sentimos é raiva, pode ser que seja tristeza e aí respirar fundo, gritar ou socar uma parede não vão te ajudar como esperava.


Quando reconhecer seus sentimentos já não for tão complicado, é hora de aprender como senti-los de uma forma segura e “controlada”. Ou seja, aquilo que eu conheço, eu consigo manejar. Mas, lembre-se, a regra é nunca deixar de sentir. Existem vários caminhos para que isso aconteça e, nessa parte do processo, é bom que tenha alguém com você, um amigo, um profissional, alguém em quem confie (às vezes, vale até um diário).


A dica número um é: exteriorize o que sente - escreva, converse sobre isso - fazer isso te ajuda a ter noção real do que está acontecendo com você, é como se tirasse a lente de aumento de quem olha de dentro do furacão, dividir o peso da mala torna o caminho mais leve. Número dois: use a arte ao seu favor, músicas, filmes, novelas, séries, livros, dança… tudo isso, te educa emocionalmente e cria um repertório emocional em você.


Número três: cuidado com o seu julgamento sobre os seus sentimentos. Em várias vezes, nesse processo de regulação emocional, você vai achar que tudo isso é bobagem, que não vale tanto esforço para lidar com uma raivinha do trabalho ou uma decepção amorosa. Cuidado! Isso são suas crenças enraizadas tentando te boicotar. Lembre-se sempre de que emoções reprimidas se intensificam e perdem o controle.


Depois de tudo isso, é hora de reafirmar algumas verdades que você precisa saber antes de começar esse processo todo: não se envergonhe de sentir, quem tem o coração fora do peito consegue sentir melhor o mundo, entende as dores dos outros, acolhe as fraquezas e se incomoda mais com o que tem de errado por aí. Quanto mais intensamente você sente as coisas, mais coisas você valoriza. Quem sente pouco, dá pouco valor às coisas e às pessoas que tem.

“É preciso ser de vez em quando infeliz

Para se poder ser natural...

Nem tudo é dias de sol,

E a chuva, quando falta muito, pede-se.

Por isso tomo a infelicidade com a felicidade”

Eu nem sempre quero ser feliz, Fernando Pessoa

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