Texto escrito e publicado na Portal do Impacto - Phomenta
Transformar a realidade social, impactar positivamente comunidades, fazer a diferença para pessoas em situação de vulnerabilidade… todas essas são ações que frequentemente aparecem nos discursos e na prática de pessoas que, assim como eu, trabalham com educação no terceiro setor. Se você é desse time, puxa uma cadeira, pega um café e vem com a gente prosear sobre educação e desenvolvimento social nesta nova série do Portal do Impacto. Por aqui, vamos conversar um pouco sobre os desafios de estruturar, executar e avaliar projetos sociais de educação que realmente provoquem e produzam impacto social.
Mas, antes de começar, quero te contar qual será o foco dessa série. Por trabalhar há quase 20 anos com projetos sociais de educação, sei bem que nossa paixão é estar com os beneficiários, ver a transformação em suas vidas, acompanhar os resultados e ajudar a construir histórias inspiradoras. A “sala de aula” é realmente apaixonante e, de fato, é onde reside nosso objetivo final.
No entanto, nosso papo de agora foi pensado sob o ponto de vista de gestão, porque os bastidores são fundamentais para que o espetáculo aconteça. A ideia da série é dar dicas para cada uma das etapas que considero essenciais para o desenvolvimento de um projeto social de educação que alcance (e supere) os objetivos pretendidos.
As dicas de hoje se referem à primeira etapa: diagnóstico e elaboração. Antes de começarmos, porém, acho fundamental explicar o que são projetos. Muitas vezes chamamos de projeto tudo aquilo que fazemos na organização, e isso dificulta que obtenhamos a transformação tão desejada.
Projetos são um conjunto de ações e esforços temporários realizados para introduzir mudanças específicas. Ou seja, eles têm começo, meio e fim e um objetivo delimitado. Projetos são focais! Então, a primeira dica é identificar o que é e o que não é projeto na sua instituição. Um jeito bom de fazer isso é observar se aquilo é uma rotina ou se é algo que foi construído com um foco bem determinado. Muitas organizações trabalham com programas e projetos, mas não sabem bem a diferença entre essas atividades, o que pode gerar uma enorme confusão na hora de executar, comunicar e até mesmo mensurar os resultados. Os programas são contínuos e funcionam muitas vezes como “guarda-chuvas” de projetos. Por exemplo: você pode ter um programa de formação de jovens e, dentro desse programa, projetos de informática e orientação profissional. Portanto, é importante fazer essa distinção para que tenhamos mais clareza em todas as etapas dos projetos.
Feito isso, a segunda dica é olhar para os projetos sob a perspectiva não só de educador, mas também de gestor. Habilidades de planejamento, integração, monitoramento e comunicação são essenciais para gestores de projetos de qualquer área, e não seria diferente nos projetos sociais de educação. Dessa forma, o projeto de educação começa muito antes de a sala de aula estar cheia, não é?!
Dito tudo isso, entramos no tema deste primeiro texto: a primeira etapa, o começo de tudo! Vamos falar sobre como realizar um bom diagnóstico e elaborar um projeto social de educação. Como eu disse antes, projeto é quase sinônimo de foco. Então, a terceira dica é delimitar o seu foco e, para isso, vale responder àquelas famosas perguntinhas: o que (ação), como (etapas/metodologia), quem (equipe e beneficiários), quando (período), onde (local), quanto (recursos), por que (justificativa) e para que (finalidade).
Sei que comecei o texto falando sobre transformação social. Esse é o nosso objetivo final, mas é impossível colocar projetos em prática sem fazer recortes. Para gerar ações educacionais de impacto, é preciso fazer escolhas. Isso não significa que você deve excluir alguém, apenas que precisa concentrar esforços específicos em necessidades específicas. Sendo assim, nossa quarta dica é: faça escolhas conscientes, claras e objetivas para ter os resultados que deseja — e isso não impede que sua instituição tenha vários projetos e programas.
Quando respondemos àquelas perguntas da terceira dica, já estamos bem adiantados em relação a uma boa elaboração de projetos. Mas não é o suficiente! Quinta dica: nem sempre o que queremos fazer é o que deve ser feito no momento. Não vale elaborar o projeto sozinho, de dentro de sua sala com as portas fechadas. Sua ideia pode ser sensacional, mas com certeza há espaço para melhorá-la!
Nossa sexta dica é: converse! Fale com seu público, com sua equipe, com a diretoria, com os conselhos, com outras instituições. Parece controverso, mas para ter um bom foco é preciso ampliar a imagem do contexto (dica 07).
E, falando em contexto, vem a oitava dica: embase seu trabalho em dados oficiais e políticas públicas. Uma vez feito um bom recorte, esse diálogo é super possível e torna seu projeto relevante e mensurável.
Mas não deixe de relacionar esses dados com os dados da sua realidade: uma boa pesquisa pode oferecer um diagnóstico do seu público, o que te ajuda a construir todas as ações e a tangibilizar melhor seus possíveis resultados. Dica 09: faça uma pesquisa qualificada sobre o perfil do seu público (aquele que você delimitou depois de ter feito o recorte).
Para finalizar, a décima dica é sobre escrever seu projeto. Não se trata de um calhamaço de folhas que ficarão na gaveta ou serão enviadas para o financiador, mas de um material que deixe claro de onde a ação vai partir, como vai caminhar e aonde quer chegar!
Fazer uma boa gestão de projetos sociais de educação é um trabalho primordial para que aquelas histórias sejam impactadas. É dar condições para que a equipe, a instituição, os beneficiários cheguem à sua máxima potência!
Espero que esse primeiro bate-papo tenha sido útil. É muito bom poder partilhar um pouco de experiência e conhecimento e apoiar tanta gente que quer phomentar impacto social com qualidade e responsabilidade.
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