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Como definir os conteúdos, as atividades e as metodologias educacionais para um projeto social?


Texto escrito e publicado na Portal do Impacto - Phomenta

Por Ana Carolina Ferreira - Diretora da Partilha


Projeto elaborado e aprovado, recursos na conta, time de educadores recrutados, beneficiários na “sala de aula”. Agora é só começar, certo? Errado! Como dissemos no primeiro texto desta série, nosso foco aqui é falar sobre os bastidores dos projetos sociais de educação, e ainda tem muita água para rolar antes de colocarmos a mão na massa.

Nossa prosa de hoje é, na verdade, uma continuidade e ampliação da conversa que tivemos sobre a primeira etapa de um projeto social de educação: a elaboração. Pensar em processos formativos vai além das macro escolhas feitas na definição inicial do projeto. Depois disso, é preciso definir um planejamento pedagógico, que implica em muito mais do que selecionar “atividades legais”.

Se você é um gestor e está quase desistindo de ler esse texto porque acredita que essa parte não te compete, espere um pouco! Você não vai se arrepender. Definir metodologias, conteúdos e atividades tem tudo a ver com seu trabalho, sim!

Quando conversamos sobre elaboração de projetos, uma das dicas que dei e que considero uma das mais relevantes é conversar. Aqui talvez esteja a raiz da maior parte dos fracassos de projetos sociais de educação. Se na elaboração de projetos você precisa conversar com todas as pessoas envolvidas, essa conversa tem que continuar existindo quando a ideia for colocada em prática.

É claro que os papéis são diferentes e que gestores e educadores têm conhecimentos e vivências específicas, mas é fundamental ー atenção para a primeira dica ー que o trabalho seja feito de maneira conjunta. As decisões pedagógicas serão tomadas pela equipe técnica competente; no entanto, para que elas sejam mais assertivas, essa equipe precisa ter sido envolvida lá no processo de elaboração.

Uma vez que todas as pessoas estiverem alinhadas e a elaboração tiver sido feita de modo conjunto e integrado, o que devemos fazer agora? Nossa segunda dica é considerar quatro fatores para definir qual metodologia educacional será adotada: público, objetivos do projeto, missão da instituição e contexto. Uma metodologia educacional é muito mais do que um jeito de fazer um projeto acontecer: é um método embasado em uma concepção de mundo, de ser humano e de educação. Sendo assim, essa concepção precisa fazer sentido para sua organização e para a proposta do projeto, não é?

Escolhida a metodologia, a terceira dica é construir materiais e atividades que se adequem à sua realidade. Há muitos materiais prontos de excelente qualidade que podem inspirar seu time de educadores, mas é preciso ter flexibilidade e consciência sobre as escolhas que estão sendo feitas de acordo com o projeto, o público e o contexto. É isso que eu chamo de intencionalidade pedagógica. Não é porque a atividade é boa que ela serve ao seu propósito, certo?

A quarta dica é sobre escolher essas atividades: comece a partir do macro. Qual é o objetivo do projeto? Quais são as fases do processo de formação previstas no projeto? Quais são as características do seu público que podem potencializar ou dificultar o atingimento dos resultados? Como as atividades colaboram para que eu atinja os resultados do projeto? Depois disso, fica mais fácil selecionar ideias e exemplos para colocar em prática.

Falando em prática, a quinta dica refere-se à aplicabilidade das atividades. Muitas vezes, temos ideias mirabolantes que não cabem no nosso espaço, no nosso tempo e nos nossos recursos. Isso não significa que você vá abandonar as ideias, mas que a adaptação sempre é necessária. Por outro lado, já observou quais recursos você tem? Como potencializar o que está à disposição? Muitas vezes, não percebemos que o próprio espaço da organização e da comunidade é riquíssimo para promover processos de formação e desenvolvimento.

A sexta dica é sobre a essência do projeto. Para escolher as atividades que serão colocadas em prática, é preciso refletir se a forma como essa atividade é pensada e conduzida demonstra a essência de sua organização. Essa reflexão vale mais do que ter um leque infinito de possibilidades.

Mesmo considerando contexto, público, objetivos do projeto e missão da instituição, pode ser que novos projetos e/ou novos conteúdos sejam muito desafiadores para sua equipe. Quando for assim, não tenha medo! Sétima dica: busque ajuda especializada. Isso pode ser previsto lá na elaboração do projeto para dar mais segurança e consistência ao seu time técnico.

Oitava e última dica: não basta envolver os educadores, é preciso incluir os educandos. Observar se as atividades fazem sentido, pedir feedbacks e fazer ajustes de modo coletivo com certeza geram mais efeito do que a atividade em si. A formação e o desenvolvimento são processos vivos, contínuos e coletivos.

Executar projetos sociais de educação é apostar na transformação social que ocorre com o desenvolvimento das pessoas, das instituições e das comunidades. É acreditar e trabalhar com técnicas, ferramentas e métodos por impactos efetivos. Esse é um trabalho processual que requer investimento. Para que o projeto seja colocado em prática e tenha resultados significativos, deve ser construído a muitas mãos ー com muita consciência e clareza das escolhas.

Mais uma vez, foi um prazer compartilhar aprendizados acumulados executando, elaborando e gerindo projetos sociais de educação durante anos. Que possamos cada vez mais fortalecer essa rede que trabalha pelo Desenvolvimento Social a partir da Educação.

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